terça-feira, 22 de julho de 2008

Afinal, eles estão afim ou não de se comprometer ?


'Quarentões' revivem adolescência nas praias americanas

Homens e mulheres adultos vivem meses de 'azaração' no verão dos EUA.
Sem assumir responsabilidades, eles se divertem em relacionamentos de curta duração.
Do 'New York Times


Quando chega o verão, as praias norte-americanas viram o principal ponto de festas e paquera. O diferencial dos dias de hoje é que muitos dos adolescentes que ficam meses numa festa interminável já passaram dos 40 anos, e vivem um 'complexo de Peter Pan' que não os deixa assumir responsabilidades.

John Ivers, 42, não quis se comprometer. Sua namorada por um ano, uma bancária de investimentos de 25 anos que ele conheceu num bar em Hamptons, queria se juntar a ele em sua casa de veraneio em Amagansett, uma casa de cinco quartos estilo Cape Cod que ele divide com cerca de 20 outras pessoas, homens e mulheres.

Mas o Dia do Trabalho está muito longe, com quase três meses de banhos de sol, biquínis e coquetéis pela frente. Ivers, que já dividiu outras 14 casas durante os últimos anos, negou a proposta da namorada, e ainda assim o relacionamento está de pé até agora.

“Isso envolve um certo nível de comprometimento durante o verão que é difícil de assumir”, disse ele no Cyrill’s Fish House, um bar de estrada na Estrada Montauk, onde muitos veranistas de Hamptons se encontram ritualmente após a praia. Duas ex-namoradas de Ivers estavam ali por perto, no jardim da frente do bar, uma de três verões atrás, usando shorts xadrez curto, e a outra de quatro anos atrás, usando jeans.

“Às vezes é difícil continuar num relacionamento e dividir uma casa de veraneio”, diz Ivers, um corretor da bolsa que vive em East Village e toca guitarra em uma banda de verão em Hamptons chamada Hot Lava. Ele então olhou para a namorada de três anos atrás. “Há muita tentação”, completou.

Da cidade de Bar Harbor, Maine, direto para Virginia Beach, há um veranista que pode ser encontrado preservando uma vida de colegial décadas depois de ter se formado. Enquanto a maioria das casas de veraneio em clima de festa está cheia de pessoas de seus vinte anos e começo dos 30, atrás de finais de semana de diversão perto da praia por diversas temporadas antes de optarem pelos prazeres mais sóbrios do casamento, algumas casas de aluguel incluem homens com mais de 40 verões nas costas.

Complexo de Peter Pan
Esses Peter Pans da praia avaliam todos os anos a colheita de jovens mulheres na areia como se fosse uma nova sala de calouras na quadra. Essa pode ser uma existência tanto doce quanto amarga, onde os altos das festas noturnas são ocasionalmente cobertos pelo reconhecimento de que o matrimônio e a paternidade podem estar escorregando para longe a cada relacionamento que se dissipa com o vento gelado de setembro.

Depois do Cyril’s, Ivers voltou para sua casa, que ele divide com colegas da banda Hot Lava, outra ex-namorada e mais de uma dúzia de outras pessoas, a maioria em seus 30 anos. Enquanto uma música do Grateful Dead tocava nos alto-falantes, ele programou sua noite: uma festa de noivado de um amigo até 10 da noite, uma festa em uma casa em Amagansett organizada por um “grupo de garotas” até a meia-noite, uma apresentação com a banda Booga Sugar no clube Stephen Talkhouse até as 3 da manhã ou mais, e então uma festa até o nascer do sol em sua casa.

Ivers, de 1,90 m, com sandálias de dedo e óculos Ray-Ban, mostrou a casa alugada que fica numa rua calma onde as casas de aluguel permitem que os locatários fiquem até oito semanas durante o verão por um custo de US$3.200. Ele apontou para o extenso deck de madeira circundando uma piscina azul. Não mencionou uma caneca de cerveja de plástico vermelho que descansava no lado mais fundo da piscina. Ele disse que a melhor coisa a respeito da casa era que os vizinhos nunca reclamavam do barulho durante a madrugada.

“Nós gostamos daqui porque McCartney nunca está e os outros vizinhos não são fechados”, disse ele, referindo-se a Paul McCartney, que também toca numa banda e é dono da casa vizinha.

Dentro da casa, Ivers sentou-se num sofá imitando veludo azul com alguns de seus colegas de casa, discutindo se a idade os forçou a fazer algumas mudanças em suas vidas.

“Existe Red Bull sem açúcar agora”, disse um deles.

Festa sem fim

Onde quer que haja areia e cerveja, homens que vêem o verão como uma interminável festa de universidade podem ser encontrados, cada um com sua própria razão para se recusar a deixar a agitação para trás.

Numa cervejada na cobertura de uma casa em Kismet em Fire Island em uma noite de sábado deste mês, Dave Mahony, 42, um psicólogo solteiro que vive em Staten Island, disse que se juntou para alugar uma casa porque uma amiga sua disse que a casa estava lotada de mulheres solteiras e poucos homens.

Enquanto ele tomava cerveja e a luz do sol desaparecia atrás do Farol de Fire Island, Mahony, cujos cabelos castanho-claros dão espaço para os grisalhos, considerou como sua vida o levou até ali naquela noite, um dos mais velhos de uma multidão bebendo Heineken em copos de plástico. “Relacionamentos que eu achei que iriam durar não foram para frente”, disse ele. “E para dizer a verdade, durante os últimos cinco anos, quanto mais velho eu fico, mais curtos ficam os relacionamentos, e agora é como um jogo de dança das cadeiras. Não sobrou ninguém. É triste.”

“Então eu venho aqui para ter alguma esperança”, diz ele.

Próximo ao telhado, um dos anfitriões da festa, Eric Rock, estava bombeando ar para fazer pressão no barril de cerveja e simultaneamente enchendo os copos de duas mulheres no início de seus 30 anos.

Rock, 48, que tem uma cabeleira cheia e guarda uma vaga semelhança com Al Gore, disse que no ano passado envolveu-se com uma mulher que conheceu voltando para sua casa de veraneio no primeiro fim-de-semana de verão. Eles logo se envolveram fisicamente, e o relacionamento deu o salto da praia para a cidade, onde ela começou a passar noites no apartamento dele em Midtown.

Mas quase seis semanas de verão, próximo ao Dia de Independência, tudo acabou. Sua namorada acertou-se com outro homem em Kismet. Levou pelo menos dois meses para Rock superar a mágoa, disse ele. Agora ele tenta colocar em prática uma variação da máxima universitária de que não se deve ficar com ninguém em seu dormitório — ele evita dormir com mulheres em sua casa de veraneio.

“Este ano estou tentando observar essa recomendação com a ilha toda”, diz Rock. “Estou procurando uma comunidade de amigos, não apenas pessoas para namorar”.
Ter um relacionamento que se expandiu da praia para a cidade é normalmente uma validação de que é mais do que um caso, diz John Blesso, autor de “Casa de Veraneio Confidencial: Sexo, Drogas e a Vida de Solteiro dentro de uma Casa de Praia Epicureana”, uma memória sobre a casa que ele aluga em Kismet.
As cidades de praia encorajam uma mentalidade de férias em que existe uma “ilusão sobre o que acontece”, disse ele, comparando ao fato de as mulheres dizerem que ficar com alguém quando viajam para o Caribe não conta na lista do número de homens com quem já dormiram na vida.

E para Blesso, que tem 36 anos e é solteiro?

“Eu gostaria de resolver isso antes de completar 40 anos”, diz ele.

Há algo a respeito do quatro-zero que decepciona muitas mulheres quando se trata dos playboys de verão. Adrienne Matt, 38, que trabalha como estrategista numa agência de publicidade, disse que passou seu primeiro verão em uma casa de Fire Island há alguns anos e descobriu que ela era gerenciada por um homem de seus 40 anos, que havia feito seu melhor para encher os quartos de mulheres desanimadas e insípidas”.
“Foi horrível”, disse ela. “Ele administrava a casa apenas para fazer sexo com garotas de 25 anos”.

Relacionamentos curtos

Alguns homens, não importa a idade, parecem não conhecer nenhuma outra forma de começar um relacionamento a não ser esperando que um encontro que começou numa festa se torne algo significativo. Stan Ellenberg, um advogada de Filadélfia, já esteve nas casas alugadas no passado, mas agora ele é dono de sua própria casa em Margate, Nova Jersey, uma cidade de praia ao sul de Atlantic City. Ele tem 60 anos e terminou seu casamento há oito.

Seu último relacionamento longo começou quando ele conheceu uma mulher de 38 em uma festa numa casa de veraneio. Eles tiveram uma conexão e dormiram juntos no segundo encontro, e o relacionamento durou cinco anos, disse Ellenberg.

Mas as coisas desmoronaram. “Ela teve uma história ruim”, disse ele. “Seus dois primeiros maridos também tinham a minha idade”.

Sem problemas. Ele disse que ainda acha fácil conhecer jovens mulheres em festas noturnas na praia. “O segredo é nunca divulgar minha idade”, disse ele. “Não funciona o tempo todo, principalmente com mulheres que são solteiras e querem ter filhos. Mas se elas estão no final dos 30 ou 40 anos, não ligam tanto para isso.”

Ivers, de Amagansett, não quer acordar em uma outra década e se descobrir como Ellenberg. Ele diz que quer se assentar e ter filhos com a mulher certa, aquela garota perfeita “que o excita e é realmente uma boa pessoa”.

“Estou no ápice de ser capaz de largar esse estilo de vida”, admite. Ele tem uma sensação persistente de estar se demorando na festa, disse. “Você vai percebendo que está lá fazendo brincadeiras de beber com as pessoas e eles só fazem referências ao programa de TV ‘Napoleon Dynamite’. Nós citaríamos os filmes ‘Caddyshack’ ou ‘Animal House’ (filme da década de 70).”

Ivers disse que morou com uma namorada em Boston por cerca de dois anos quando tinha 30 anos de idade, e que depois teve vários relacionamentos sérios. “Conheci uma garota há dez anos atrás com quem eu queria casar mas ela me rejeitou e casou-se com outro cara”, disse ele. “Aquilo me decepcionou, e então você tenta superar aquilo, buscando o mesmo tipo de garota, depois o tipo oposto, dizendo para si mesmo, Nunca mais vou querer namorar outra advogada, nunca mais vou querer namorar outra loira’. E isso nunca termina”.
Aceitando responsabilidade

No último domingo, Ivers estava deitado na areia da praia próximo a sua ex-namorada – aquela de três verões atrás – e da irmã dela. As duas moças de biquíni eram magras, com longos cabelos castanhos. A atual namorada de Ivers estava na cidade trabalhando. Ele confidenciou que a chama pode reacender entre ele e sua ex-namorada, de 29 anos.

Mas alguns dias depois ele soava bem menos como um Don Juan da praia. Ele estava se sentindo mal, disse, por não ter convidado sua atual namorada para dividir a casa com ele. Ele disse que está tentando aceitar as responsabilidades que a maioria dos homens de sua idade assumem. Ele está sendo entrevistado por uma companhia de investimento – ele atualmente trabalha como autônomo – o que pode levá-lo a um emprego que ele imagina poder manter por dez ou quinze anos.

Esqueça o filme “Animal House”. A vida de Ivers está mais próxima de outro filme dos anos 70, “Lifeguard”, em que o protagonista de 32 anos hesita em largar um emprego de salva-vidas numa praia de Los Angeles quando um antigo amor com uma criança aparece e diz que quer alguém com uma profissão de adulto. No fim, o salva-vidas recusa a oportunidade de se tornar um vendedor de Porsche e volta à sua amada praia.

Não está claro se este vai ser o filme da vida de Ivers. Ele insiste que quer se comprometer e assentar. Mas há outros compromissos envolvidos. “Se você vai fazer isso”, disse ele, “não pode morar em uma casa de veraneio”.

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